
Crônicas acabrunhadas
Hoje acordei todo todo, animadaço, cheio de gracejos, caretinhas e frases feitas. Tomei o café da manhã, esfreguei as mãos e disse:
“Hoje vou escrever uma crônica.”
Inspiração a mil por hora. Sentei-me diante do papel em branco e tive certeza: Agora vou começar. Coloquei uma musiquinha no estilo Amelie Poulain para ajudar a refletir sobre as coisas simples da vida, como por exemplo, ir ao parque todo dia e tacar pedrinhas na água. Escutei a inspiração bater à porta e sussurrando:
“Fale sobre ditados populares.”
Comecei então e escrevi qualquer meia dúzia de palavras fracas. Nem meia crônica e o texto estava ultrajante! Deus do céu, ditados populares não!
“Oras, se não quer seguir meu conselho, então te vira.” -esbravejou a inspiraçãozinha ordinária, deixando-me absolutamente só neste quarto vazio onde nem mesmo a sanfoninha da Amelie Poulain dá jeito.
Oh inspiração, não me falte nesses dias de alegria e expectativa, pois sem ti sou como um girassol sem sol.
Diz a música: “Mas pra fazer um samba com beleza, é preciso de um cato de tristeza.”
Será então que meus textos são como um belo samba?! Será verdade mesmo que é a desgraça quem dá graça àquele negócio chamado vida??!
Santa Amelie Poulain, ajuda-me a tecer esbeltas palavras cheias de significação… Ou seria melhor eu direcionar tal rogativa ao cara que compôs a trilha sonora do filme?! Ah, chega, chega de Amelie Poulain e gaitinhas, e pianinhos ou sininhos!
Aumenta o volume, coloca aquela lá: Stairway to Heaven, Led Zeppelin! Não sou fã deles, mas essa música… Sério… Essa música faz qualquer um mergulhar nas mais profundas e melancólicas razões do existir.
Eis que então nasce a crônica falando do fracasso de si mesma, buscando em seu próprio insucesso um sentido lógico, no afã de tornar-se digna de leitura, senão de um bom leitor, ao menos de seu autor que se compraz em ler as tolas palavras que pensa escrever
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Hugo Ribas
Hugo Ribas é pisciano, escritor, leitor e também uma metamorfose ambulante. Criador deste blog e colunista do blog Que Me Transborde, adora se perder em sentimentos escritos e nem sempre consegue se encontrar em suas próprias palavras. Personagens, narrador e pensamentos se fundem num texto só. Nasceu em Jundiaí - SP e mudou-se para São Paulo - SP aos 16 anos, onde se formou em Design Gráfico e cursou teatro pelo Teatro Escola Macunaima. Apresentou peças de Gianfrancesco Guarnieri e Friedrich Dürrenmatt.

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